No domingo passado corri mais uma maratona, a de Lisboa.

Ao longo do ano vou participando nalgumas corridas de longa distância, é uma maneira de estar preparado para as aventuras que vão surgindo.

Do meu treino “útil”, faz parte a capacidade de a qualquer altura e em qualquer lugar, ser capaz de correr durante muitas horas.

E assim foi, no sábado inscrevi-me, e no domingo lá estava eu na linha de partida, com as pernas ainda doridas do treino que havia efectuado na sexta-feira anterior.

Para mim, correr uma longa distância é como fazer um filme sobre a própria vida, é sempre uma aventura!

Dada a partida, é essencial escolhermos o ritmo que melhor nos convém, ignorando o modo como as outras centenas de corredores que nos rodeiam, querem seguir o seu caminho.

Somos nós que escolhemos como queremos conduzir a nossa corrida e já agora, a nossa própria vida!

À medida que os quilómetros vão passando, é muito importante irmos  “escutando” o nosso corpo, irmos percebendo se aquele é o ritmo certo, se aquela passada é a adequada à concretização do nosso objectivo, terminar em beleza os 42,195 metros da maratona.

Cada vez que passava por um abastecimento que um(a) jovem de cara alegre nos oferecia,aceitava e agradecia, retribuindo-lhe a sua amabilidade com o meu sorriso.

À passagem pelas bandas de música que animavam o caminho, cantava, divertia-me, e desta forma sacudia por momentos, o peso de tão longa jornada.

Quantas e quantas vezes na nossa vida, perdemos a oportunidade de descontrair, não oferecendo a nós próprios os momentos de diversão que merecemos!

Inclusive, aos primeiros acordes de “knocking on heaven`s door”, um original de Bob Dylan, emocionei-me ao recordar um amigo já desaparecido, com quem tocava esta música. Redobrei de ânimo!

Os quilómetros iam passando, as sensações eram boas, estava a desfrutar de tudo, da paisagem, dos aplausos das pessoas, e do meu próprio desempenho.

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Não compito contra nada, nem contra ninguém.

Ás vezes oiço dizer a outras pessoas, que competem contra si próprios, contra o percurso, contra os outros, não é isso que se passa comigo, os outros para mim são apenas companheiros de jornada, que não hesito em ajudar se tal for necessário.

Não compito contra o percurso, desfruto dele e muito menos contra mim próprio, pois sei que a jornada deve ser feita não contra mim, mas comigo próprio, com a minha consciência, as minhas emoções, o meu corpo, tudo em harmonia.

Com o acumular dos quilómetros e da fadiga, aparece um ou outro momento menos bom, que é preciso enfrentar com fé e determinação, sabendo que somos capazes, que tudo irá passar, que a meta está cada vez mais próxima!

Com estes pensamentos voltamos a focar-nos no que é essencial, voltamos a escutar o nosso corpo, e afinamo-lo com o nosso propósito, passada após passada.

Nos últimos quilómetros já não existe o calor dos aplausos, a paisagem deixa de ser bonita, não interessa, temo-nos a nós próprios, ao nosso ânimo, à nossa generosidade, ao nosso querer, e continuamos em frente!

Por fim, meta à vista! Sem querer estugamos o passo, agradecemos os últimos aplausos e satisfeitos, cruzamos a meta, de sorriso na cara!

Mais do que olhar para o relógio, fica o orgulho de terminar mais uma maratona sem ter precisado de andar.

Agora é hora de celebrar! A vida deve ser comemorada em todas as oportunidades, por mais pequenas e banais que sejam!

Vamos a isso! De roupa mudada e em boa companhia  sento-me numa esplanada, e erguendo o meu copo de cerveja, brindo a todos os companheiros e companheiras, que naquela manhã solarenga ousaram sair da sua zona de conforto, e dando o melhor de si próprios, terminaram a Maratona.

Todos saíram vitoriosos!

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